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Historia do Website

OK, confesso a história deste website

O início

O ponto de partida desta história foi em 1957, com o lançamento do Sputnik. Muito moleque ainda, praticamente uma criança em meus 5 anos de idade, já sabendo ler com desenvoltura, vi as manchetes nos jornais a respeito de algo maravilhoso que fazia uma coisa chamada “satélite artificial” subir aos céus mais alto do que aviões. Uma esfera de metal, com tal formato para ser similar aos satélites naturais, capaz até de enviar sinais de bip-bip, algo até então desconhecido e, portanto, muito atraente.

Paixão à primeira vista, até a eternidade, que para mim parece estar cada dia mais próxima…

Nota: há mais alguns detalhes sobre isto no prefácio do autor (clique aqui para ler) de meu livro “A Exploração Espacial – Uma História da Astronáutica”, que é um dos que estão à disposição
para download neste website.

Um médico na tempestade

Temporariamente mudando de assunto, com uns oito ou nove anos de idade, li um livro inesquecível: “Um médico na tempestade”, da saudosa Coleção Saraiva. Eduardo Adami era o autor, e ele narrava sua vida de médico por rincões longínquos e pobres do interior, período em que doou-se às populações pobres por incontáveis noites, tempestades e lama, montado a cavalo, para fazer partos e tentar salvar vidas que os privilegiados políticos sempre negligenciaram neste país.

Certo dia, creio que com alguma idade (não lembro detalhes da história), o doutor Eduardo adoeceu, e teve que se recuperar de alguma doença por período prolongado. E ele resolveu aproveitar
esse tempo para registrar sua história, que se tornou o livro que tanto me marcou. Obrigado, Dr. Adami, que provavelmente já foi ao encontro das almas boas que devem se reunir ao deixar este mundo.

Palavras de um agnóstico convicto.

E durante sessenta anos…

Li, colecionei, recortei revistas e jornais, perguntei a adultos, ouvi noticiários no rádio e na TV. Depois foi a época dos filmes no cinema, no vídeo cassete, no DVD. Vez ou outra assisti a alguma rara palestra sobre o tema. Tudo para saber mais sobre o espaço. Essa paixão, depois de ter sua semente plantada em minha mente, hoje é uma árvore adulta, firme e forte. Acredite se quiser, em meados da década de 1960 cheguei a me inscrever para os primeiros voos comerciais que se esperava fossem feitos para a Lua, incluindo meu nome na lista que a PanAm havia aberto ao público.

Nessas seis décadas, em paralelo com questões espaciais, meus dias eram preenchidos com muita correria, exaustão e tensão intensas. Os estudos e a escolha da segunda profissão, que me vi obrigado a fazer, posto que a primeira opção era ser astronauta, algo impossível na época para um moleque brasileiro, ainda sem formação superior, sem pós-graduação, sem ser militar, não sendo norte americano nem russo e nem piloto com muitas horas de voo.

Um único minúsculo ponto a favor: como autodidata comecei a me interessar em aprender inglês, o que era importante para meu sonho tão ambicioso. Tive professores e professoras particulares excelentes! Eis uma lista parcial: Paul Anka, Neil Sedaka, Johnny Mathis, e até um tal de Elvis Presley. Ah! e a inesquecível professora Brenda Lee! Até me apaixonei por ela.

E assim também estudava e aprendia muito bem o italiano, com a Rita Pavone (ah!, outra grande paixão…), Mina, Bobby Solo, Pepino di Capri, Nico Fidenco. Domenico Modugno e tantos outros. Mas meu idioma preferido, aquele ao qual eu dedicava mais tempo ao aprendizado, era, sem sombra de dúvida, o francês, ministrado pela professora mais linda do mundo: Françoise Hardy, minha paixão maior, confesso, até os dias de hoje. Merci beaucoup, Françoise. Para ser justo, ela tinha excelentes assistentes, como por exemplo Adamo, Gilbert Becaud, Edith Piaf, Mireille Mathieu, Charles Aznavour.

Outros fatores também contribuíram para as antes referidas correria e exaustão, nessas seis décadas. Além desse interesse por idiomas, meu “tempo livre” foi preenchido com um bacharelado em Ciências Econômicas, um mestrado incompleto em Ciências da Computação, uma pós graduação em Didática do Ensino Superior, uma vida profissional (pela manhã e à tarde) em inúmeras empresas como programador e analista de sistemas, e outra vida profissional como professor em universidades, à noite e aos sábados.

Atividades extra-profissionais

Enquanto tudo isso acontecia, outras atividades concorreram por uma fatia de meu tempo de dedicação: um casamento de trinta anos e outro mais fugaz de menos de cinco anos, e duas filhas para as quais troquei muitas fraldas, usei pouco talco e permaneci muitas noites acordado com os olhos grudados no termômetro ou, menos mal, embalando-as ao som das músicas do long-play “Arca de Noé”. De fato um prazer sublime, mesmo que depois substituído em parte por noites de insônia imaginando o que estaria ocorrendo dentro das discotecas embaladas por “Dancing Queen” (eternamente Abba!), e frequentadas pelas minhas “filhinhas”.

Os poucos momentos nos quais eu conseguia me desassociar dos problemas e buscar alguma sublimação prazerosa eram conseguidos, em sua maioria, por uma ou duas horas numa estrada qualquer, em madrugadas quaisquer, cantando bem alto, na solidão de uma cabine de automóvel. Acompanhado pela Françoise, pelos Beatles, Bee Gees, e tantos outros cujas melodias até hoje embalam minha mente.

O início do fim e o início do recomeço

Depois de dois casamentos desfeitos, me vi só. Filhas crescidas. Nada de traumas, depressão, raiva, nada disso. Era coisa de solidão, de não ter para quem comprar um vestido novo, uma blusa, ou um buquê de flores, com quem dormir de conchinha, a quem me doar ao menos um pouquinho. Sabem o que fiz com o enorme tempo que me sobrava?

Normalmente, as esposas têm aversão por maridos acumuladores, afinal, dez pares de sapatos são aceitáveis, mas dez chaves de fenda não são… Considerando essa particularidade e uma série de mudanças de endereço, acabei perdendo muita coisa do material que compunha minha bagunça pessoal e espacial acumulada desde a infância.

Aqui abro parênteses para registrar meu repúdio pela atitude da segunda esposa do astronauta Neil Armstrong: quando da morte do primeiro ser humano a pisar na Lua (e ela sabia disso quando casou com ele), Carol foi de uma deselegância terrível, pois pelo que li nos jornais ela descartou pertences de Armstrong publicamente , e, pior, reclamou de todo aquele “traste” do qual estava se desfazendo.

Voltando à minha história, apesar das perdas, o material que me restou e o que estava armazenado em meu intelecto ainda constituíam, em minha avaliação, tesouro que precisava de alguma forma ser mostrado ao público. Era muita informação que, processada, renderia algo de qualidade. Comecei, vagarosamente, a remexer e equacionar como poderia organizar tudo aquilo. Por óbvio, pensava num livro, como aqueles que, quando jovem, me fizeram viajar pelo espaço de minha imaginação. Escrever, ou melhor dizendo, expressar-me, sempre foi algo que apreciei fazer, pois é atividade que melhora sensivelmente o resultado do que um professor faz.

Aliás, em 2011 lancei meu primeiro livro, uma biografia. Com tudo pago pelo meu próprio bolso, pois seria uma grande dificuldade obter atenção de editores, até chegar ao ponto de conquistar um deles que concordasse em publicar a obra. Algum dia vou colocá-la à disposição do leitor neste website.

Mal sabia eu que logo o destino me “brindaria” com muito mais tempo livre do que eu imaginava para organizar minha bagunça.

Um professor na tempestade

No Carnaval de 2012 a doença bateu em minha porta de vez para nunca mais me deixar em paz. A diabetes, a hipertensão e uma infecção renal montaram uma quadrilha e fizeram festa em meu corpo. Durante um ano e meio peregrinei por hospitais, consultórios médicos, laboratórios de análises clínicas e escritórios de empresas de convênios médicos. Eu agradeço sinceramente à Alice pelo inestimável apoio que ela me deu. Passei por três cirurgias, duas delas no coração, e começou minha caminhada pela estrada que algum dia não muito distante deve me levar a outra dimensão.

Logo no começo dessa aventura fui informado que a batalha seria longa. O primeiro pensamento que me veio à mente quando num sábado de carnaval me senti acordando sozinho no leito frio de uma UTI, foi no Dr. Eduardo Adami e seu livro. Entendi perfeitamente a razão de ele ter se tornado escritor e comecei a torcer para que ao menos meu tempo restante de vida fosse suficiente para terminar meu projeto “Organização da bagunça”. E, certamente, isso passou a incluir a bagunça pessoal: fazer contato com as pessoas que me haviam sido caras na vida, achar certificados de seguro de vida, estreitar os laços que me uniam a minhas filhas, netos e neta. Coisas desse tipo.

Naquela época eu ainda trabalhava, e meu empregador, que de pronto me visitou para prestar solidariedade e afirmar que estaria ao meu lado, como medida primeira me enviou para o olho da rua.

Em resumo: merda pouca é bobagem. Que ela venha aos montões, assim como desejam os artistas de teatro (conhecem essa história?).

Para não me estender mais nesse assunto de doença, faço aqui uma última pequena confissão. Muitas das noites de insônia que passei nos hospitais só não me levaram ao desespero pois me instalava virtualmente num foguete e ficava recriando as cenas e situações que astronautas já haviam vivido na realidade, e em que naqueles momentos, em minha imaginação eu era o protagonista.

As decepções e as antidedicatórias Com os livros prontos comecei a infindável peregrinação por incontáveis editoras. Algo medido às centenas. Senti-me (de fato eu estava) esmolando, e a história completa será brevemente mostrada a todos em mais um livro que acrescentarei neste website. Houve até uma editora, localizada a três quadras de onde resido, que não autorizou que eu adentrasse a suas instalações para obter informações. Cumpre aqui, rapidamente, observar o fato de que as editoras do exterior tratam os potenciais autores (seus clientes) de forma altamente profissional, algo bem diferente do que acontece no Brasil. Isso só prejudica a cultura brasileira, e lembro também que neste país tropical infelizmente o único sinônimo de cultura é entretenimento.

Com pesar desdedico este meu trabalho a todas as empresas e organizações que trouxeram, de alguma forma, dificuldades a esta jornada. Isso será, também, assunto do livro citado no parágrafo anterior.

Devido a todos esses fatos nasceu minha decisão de parar a busca por editores e deixar os livros disponíveis para o público.

A dedicatória

Caro leitor, o alvo principal de meu gesto de doação do material deste website são os estudantes, aos quais dedico este meu trabalho, eles que hoje são como eu era quando jovem, e me maravilhava com aquilo que lia nos livros e descobria o que é a ciência. Coisas que moldaram parte de meu caráter, minha personalidade, e que sempre mantiveram meu interesse em aprender assuntos daquilo que na atualidade se chama STEM.

A todos que de qualquer forma gostarem dos livros e do conteúdo deste website, e que puderem apoiar este projeto, fica aqui o humilde pedido para que façam sua contribuição; clique aqui para saber como.

Em breve lhes conto a respeito do nome deste website.