Li, colecionei, recortei revistas e jornais, perguntei a adultos, ouvi noticiários no rádio e na TV. Depois foi a época dos filmes no cinema, no vídeo cassete, no DVD. Vez ou outra assisti a alguma rara palestra sobre o tema. Tudo para saber mais sobre o espaço. Essa paixão, depois de ter sua semente plantada em minha mente, hoje é uma árvore adulta, firme e forte. Acredite se quiser, em meados da década de 1960 cheguei a me inscrever para os primeiros voos comerciais que se esperava fossem feitos para a Lua, incluindo meu nome na lista que a PanAm havia aberto ao público.
Nessas seis décadas, em paralelo com questões espaciais, meus dias eram preenchidos com muita correria, exaustão e tensão intensas. Os estudos e a escolha da segunda profissão, que me vi obrigado a fazer, posto que a primeira opção era ser astronauta, algo impossível na época para um moleque brasileiro, ainda sem formação superior, sem pós-graduação, sem ser militar, não sendo norte americano nem russo e nem piloto com muitas horas de voo.
Um único minúsculo ponto a favor: como autodidata comecei a me interessar em aprender inglês, o que era importante para meu sonho tão ambicioso. Tive professores e professoras particulares excelentes! Eis uma lista parcial: Paul Anka, Neil Sedaka, Johnny Mathis, e até um tal de Elvis Presley. Ah! e a inesquecível professora Brenda Lee! Até me apaixonei por ela.
E assim também estudava e aprendia muito bem o italiano, com a Rita Pavone (ah!, outra grande paixão…), Mina, Bobby Solo, Pepino di Capri, Nico Fidenco. Domenico Modugno e tantos outros. Mas meu idioma preferido, aquele ao qual eu dedicava mais tempo ao aprendizado, era, sem sombra de dúvida, o francês, ministrado pela professora mais linda do mundo: Françoise Hardy, minha paixão maior, confesso, até os dias de hoje. Merci beaucoup, Françoise. Para ser justo, ela tinha excelentes assistentes, como por exemplo Adamo, Gilbert Becaud, Edith Piaf, Mireille Mathieu, Charles Aznavour.
Outros fatores também contribuíram para as antes referidas correria e exaustão, nessas seis décadas. Além desse interesse por idiomas, meu “tempo livre” foi preenchido com um bacharelado em Ciências Econômicas, um mestrado incompleto em Ciências da Computação, uma pós graduação em Didática do Ensino Superior, uma vida profissional (pela manhã e à tarde) em inúmeras empresas como programador e analista de sistemas, e outra vida profissional como professor em universidades, à noite e aos sábados.